Esta é uma carta para a velhice
É uma carta para mim
Para se rir ou chorar
Agora ou depois
É para parar um pouco
É para relembrar
É para olhar para o nada e me ver
E voltar
É sobre humildade
E sobre o que se faz do tempo
Veja, nesta carta eu sou jovem
E posso errar, posso errar!
Não tenho nada a zelar exceto você
O tempo ainda não me deu nada para cuidar
Veja, sou jovem e estou chorando
Mas, ria! Choro para que possa rir agora!
E as coisas que não pude dizer
Você as disse?
As coisas que não fiz
Você as fez?
Esta é uma carta sem retorno
Sem resposta
É para ler e guardar
E você pode brincar um pouco
E adivinhar no que estou pensando agora
Espere, uma dica: tenho lágrimas nos olhos
Mas estou sorrindo!
E meu coração está leve!
Ahh, esta carta não tem resposta
E isso é tão triste!
Não ria, mas, meu amor foi sincero?
Por favor não se zangue
Diga-me, eu fui você, ou nós nos perdemos?
Ah, eu gostaria de conhece-lo, espero poder conhece-lo
Eu queria poder estar vendo sua face agora
Queria saber se você está sorrindo
Ou se chora como eu choro
Se foi por minha causa seu choro nesse longo tempo
Ah, esta poderia ser uma carta alegre
E pode ser de fato
Mas, veja, isso tudo não é alegre?
Essa carta é para se lembrar de mim
É para lembar da família
É para lembrar de amigos
É para rir pensando nas tardes de sábado
É para sentir-se bem pensando na noite
Pensando nas vozes que você ouviu
Por favor, me diga, isso não é alegre?
Porque se não for preciso de sua ajuda!
Se não for, você deve me procurar
E me perdoar
E se tudo não passar de um momento engraçado
É um momento feliz
E se há algo de ridículo, você sabe
É da juventude
Veja! Como sou tolo!
Veja como não consigo dizer o que quero!
Essa carta é para pedir perdão! Perdoe-me!
E perdoe os outros, perdoe-os por mim!
Veja, eu te amo desde agora
Não precisa me responder
Mas, se o coração pesa
Aceite meu conselho
Escreva o que lhe resta, escreva o que não é do meu tempo
E peça perdão
Pascarujo Mijador
Janeiro/2002